EXUS Guardiões Orixás
Todos os que conhecem a Umbanda e os demais cultos afro
brasileiros sabem que, antes de qualquer trabalho ser iniciado, é preciso ir
até a tronqueira ou casa de Exu e firmá-lo, para que ele possa atuar por fora
do espaço espiritual do templo (Tenda ou Ilê Axé), protegendo-o das investidas
de hordas de espíritos “caídos” que estão atuando contra as pessoas que buscam
auxílio espiritual e religioso que possa livrá-las dessas perseguições
terríveis. Para que um trabalho transcorra em paz, harmonia e equilíbrio, e
para que os guias espirituais possam atuar em benefício das pessoas e trabalhar
os seus problemas, é preciso que tronqueira esteja firmada, porque assim,
ativada, ela é um portal para o vazio relativo regido pelo senhor Exu guardião
ligado ao Orixá de frente do médium dirigente do templo. Um Exu guardião é
assentado na tronqueira, e vários outros são “firmados” dentro dela, sendo que
estes estão ligados a outros senhores Exus guardiões de reinos e de domínios
regidos por outros Orixás. Os outros não podem ser assentados, senão dois
vazios relativos se abrem “ao redor” do espaço espiritual “interno” do templo,
e a ação de um interfere na do outro. Um só Exu guardião é assentado, e todos
os outros são só “firmados” na tronqueira, pois, se dois forem assentados na
mesma, a ação de um interferirá na ação do outro vazio relativo aberto no “lado
de fora” do templo. Assentar o Exu e a Pomba-gira guardiã no mesmo cômodo ou
“casa de esquerda” é aceitável, porque o campo de ação dele se abre no “lado de
fora” e o campo dela abre-se para dentro do “lado de dentro” do templo, criando
a polarização com o campo do Exu guardião. • O campo do Exu guardião é o vazio relativo
que se abre no lado de fora do espaço espiritual interno do templo. • O campo
da Pomba-gira guardiã é o “abismo” que se abre para “dentro”, a partir do
espaço espiritual interno do templo. • Esses dois Orixás são indispensáveis
para o equilíbrio de um trabalho espiritual, porque um atua por fora e o outro
atua por dentro do templo. • Um se abre para fora, repetindo o mistério das
realidades, e o outro se abre para dentro, repetindo o mistério das dimensões.
• Exu retira do “espaço infinito” tudo e todos que estiverem gerando
desequilíbrio ou causando desarmonia. • Pomba-gira recolhe ao âmago do espaço
infinito tudo e todos que o estiverem desarmonizando. São duas formas parecidas
de atuação, mas Exu retira, e Pomba-gira interioriza. Comparando o espaço
infinito com um vulcão, Exu seria o ato de erupção, quando ele descarrega a
intensa pressão interna. Já a ação de Pomba-gira, seria a das rachaduras
internas , que a pressão abre dentro da crosta, nas quais correm e acumulam-se
toneladas de lava vulcânica, que se acomodam e, lentamente, se resfriam e se
cristalizam, gerando enormes acúmulos de minérios e cristais de rochas. Exu e
Pomba-gira são indispensáveis aos trabalhos espirituais, porque junto com os
consulentes vêm todas as suas cargas energéticas e vibratórias negativas; suas
cargas espirituais e elementais que sobrecarregam o espaço espiritual interno,
que deve ter essas duas “válvulas” de escape funcionando em perfeita sintonia e
sincronizadas com todo o trabalho que está sendo realizado pelos guias
espirituais. Se essas “válvulas” estiverem funcionando bem, o trabalho
realizado não sobrecarregará os guias espirituais que trabalharam pelas
pessoas. Porém se não funcionarem corretamente, eles terão que recolher todas
as sobrecargas e irem descarregando-as lentamente nos pontos de forças da
natureza, mas à custa de muitos esforços. Portanto, com isso entendido,
esperamos que os umbandistas entendam o porquê de terem que firmar seu Exu e
sua Pomba-gira antes de abrirem seus trabalhos espirituais. Exu e Pomba-gira
geram muitos fatores e executam muitas funções na Criação e, em algumas dessas
funções, formam linhas de trabalhos espirituais. Eles também formam pares. Em
algumas ocasiões são complementares; em outras, são opostos; em outras, são
complementares e opostos ao mesmo tempo. Só pelas suas funções aqui já
descritas, tornam-se indispensáveis à paz, à harmonia e ao equilíbrio dos
trabalhos espirituais realizados pelos médiuns umbandistas, tanto os realizados
dentro dos centros quanto os realizados fora dele. Afinal, não são poucos os
médiuns que, movidos pela bondade, vão até a residência de pessoas com graves
problemas ou demandas para ajudá-las e, por não tomarem a precaução de firmar
Exu e Pomba-gira antes de trabalhar para elas, ao invés de ajudá-las realmente,
só pegam cargas que irão desequilibrá-los também. Para se fazer um bom trabalho
na residência de alguém, assim que chegar, deve-se ir até o quintal, riscar um
ponto de Exu, colocar um copo com pinga, firmar as velas nos seus pólos mágicos
e invocar o Orixá Exu e o seu Exu guardião, pedindo-lhes que descarreguem todas
as sobrecargas e recolham todas as demandas feitas contra os moradores da casa
e até contra ela. O mesmo deve ser feito com Pombagira para que, só então, o
médium comece a trabalhar espiritualmente, porque, aí sim, todas as cargas e
demandas terão por onde ser descarregadas. E mesmo as entidades negativas que
tiverem de ser transportadas para que recolham suas projeções negativas virão
de forma ordenada e equilibrada, não causando nenhum problema durante o
trabalho. Quando se vai com alguém na natureza para descarregá-lo, tanto o
médium deve firmar suas forças em sua casa como deve, pelo menos, firmar Exu ou
Pomba-gira no campo vibratório escolhido, para não ter contratempo algum durante
o trabalho de descarr ego na natureza. São medidas indispensáveis para que um
bom trabalho seja realizado e tudo transcorra em paz. Esperamos ter conseguido
transmitir os fundamentos necessários para que o ato de “firmar” a esquerda não
seja mal interpretado, e sim visto como indispensável para que bons trabalhos
sempre sejam realizados, tanto em benefício próprio quanto dos nossos
semelhantes. Texto extraído do livro “Orixá Exu - Fundamentação do
Mistério Exu na Umbanda” de Rubens Saraceni - Editora Madras.
OXALÁ
É o Trono Natural da Fé e seu campo de atuação preferencial
é a religiosidade dos seres, aos quais ele envia o tempo todo suas vibrações
estimuladoras da fé individual e suas irradiações geradoras de sentimentos de
religiosidade.
Fé! Eis o que melhor define o Orixá Oxalá. Sim, amamos irmãos na fé em Oxalá. O
nosso amado Pai da Umbanda é o Orixá irradiador da fé em nível planetário e
multidimensional. Oxalá é sinônimo de fé. Ele é o Trono da Fé que, assentado na
Coroa Divina, irradia a fé em todos os sentidos e a todos os seres. Comentar
Oxalá é desnecessário porque ele é a própria Umbanda. Logo, vamos nos afixar
nas suas qualidades, atributos e atribuições.
QUALIDADES: As qualidades de Oxalá são, todas elas, mistérios da Fé, pois ele é
o Trono Divino irradiador da Fé. Nada ou ninguém deixa de ser alcançado por
suas irradiações estimuladoras da fé e da religiosidade. Seu alcance ultrapassa
o culto dos Orixás, pois a religiosidade é comum a todos os seres pensantes.
Jesus Cristo é um Trono da Fé de nível intermediário dentro da hierarquia de
Oxalá. E o mesmo acontece com Buda e outras divindades manifestadoras da fé,
pois muitos Tronos Intermediários já se humanizaram para falar aos homens como
homens e , assim, melhor estimularem a fé em Deus. Todas as divindades irradiam
a fé. Mas os Tronos da hierarquia de Oxalá são mistérios da Fé e irradiam-na o
tempo todo.
ATRIBUTOS: Os atributos de Oxalá são cristalinos, pois é através da essência
cristalina que suas irradiações nos chegam, imantando-nos e despertando em
nosso íntimo os virtuosos sentimentos de fé. Saibam que a essência cristalina
irradiada pelo Divino Trono Essencial da Fé é neutra quando irradiada. Mas como
tudo se polariza em dois tipos de magnetismos, então o pólo positivo e irradiante
é Oxalá e o pólo negativo e absorvente é Oiá. Oxalá irradia fé o tempo todo e
Oiá absorve as irradiações religiosas desordenadas vibradas pelos religiosos
desequilibrados. Ela se contrapõe a ele porque a atuação dela é no sentido de
absorver os excessos religiosos vibrados pelos seres que se excedem nos
domínios da fé. Já Oxalá irradia fé e estimula a religiosidade o tempo todo, a
todos.
ATRIBUIÇÕES: As atribuições de Oxalá são as de não deixar um só ser sem o
amparo religioso dos mistérios da Fé. Mas nem sempre o ser absorve suas
irradiações quando está com a mente voltada para o materialismo desenfreado dos
espíritos encarnados. É uma pena que seja assim, porque os próprios seres se
afastam da luminosa e cristalina irradiação do divino Oxalá... e entram nos
gélidos domínios da divina Oiá, a Senhora do Tempo e dos eguns negativados nos
aspectos da fé.
OFERENDAS: Oxalá é oferendado com velas brancas, frutas, coco verde, mel e
flores. Os locais para oferendá-lo são aqueles que mais puros se mostram, tais
como: bosques, campinas, praias limpas, jardins floridos, etc. Já os regentes
dos pólos negativos da linha da Fé não se abrem ao plano material e não são
invocados ou oferendados.
OYÁ
É a orixá do Tempo e seu campo preferencial de atuação é o
religioso, onde ela atua como ordenadora do caos religioso
O “Tempo” é a chave do mistério da Fé regido pela nossa amada mãe Oiá, porque é
na eternidade do tempo e na infinitude de Deus que todas as evoluções
acontecem. A orixá Oiá forma um pólo magnético vibratório e energético oposto
ao do orixá Oxalá, e ambos regem a linha da Fé, que é a primeira das Sete
Linhas de Umbanda, que são as sete irradiações divinas do nosso Criador. Logo,
o campo de atuação de nossa amada mãe Oiá é o campo da fé, onde flui a religiosidade
dos seres, todos em continua evolução.
Oiá é a regente cósmica da linha da Fé, e tempo é o vazio cósmico onde são
retidos todos os espíritos que atentam contra os princípios divinos que
sustentam a religiosidade na vida dos seres.
“Tempo”, eis as qualidades, atributos e atribuições negativas de Oiá, de que
tanto falamos e alertamos aos supostos pais de Santo ou magos negros que
recorrem ao “Tempo” para prejudicar seus semelhantes com seus ebós sujos e suas
magias negras. Oiá é a orixá regente do pólo negativo da linha da Fé, que é a
primeira das Sete Linhas de Umbanda e, com Oxalá assentado em seu pólo
positivo, dão sustentação a todas as manifestações da fé e dão amparo a todos
os “sacerdotes” virtuosos e guiados pelos princípios divinos estimuladores da
evolução religiosa dos seres.
Quando Oiá “vira no tempo”, seja contra um seu filho direto quanto um seu filho
indireto (que têm a coroa regida por outros orixás), então sua vida entra em
parafuso e só deixará de rodar quando esgotar tudo de desregrado e desvirtuado
que nela existia. Isto é Oiá, amados filhos dos orixás! Mãe religiosa por sua
excelência divina, mas mãe rigorosa por sua natureza cósmica, cujo principal
atributo junto dos espíritos humanos é o de esgotar o lobo sanguinário que se
oculta por baixo da pele de cordeiro.
Enquanto Oxalá é irradiante, Oiá é absorvente, e enquanto os filhos de Oxalá
são extrovertidos, os de Oiá são introspectivos e até um tanto tímidos, pois a
natureza forte de sua mãe divina exige deles uma certa “beatitude” já que, das
mães divinas, ela é a mais ciumenta por seus filhos amados e a mais rigorosa
com os seus filhos relapsos. Isto é Oiá, amados filhos das nossas amadas mães
divinas!
Se ela é assim, é porque ela é a orixá que, junto com Oxalá, rege a primeira linha
de Umbanda, que é a linha da Religiosidade. Logo, os filhos de Umbanda, que têm
em Oxalá o divino Pai da Fé, também devem cultuar a divina mãe Oiá. Com ele no
pólo positivo e ela no pólo negativo, forma-se o par dos orixás excelsos que
regem a linha da Fé e estimulam a religiosidade nos seres.
OXUM
É o Trono irradiador do Amor Divino e da Concepção da Vida
em todos os sentidos. Como “Mãe da Concepção” ela estimula a união matrimonial,
e como Trono Mineral ela favorece a conquista da riqueza espiritual e a
abundância material.
A Orixá Oxum é o Trono Regente do pólo magnético irradiante da linha do Amor e
atua na vida dos seres estimulando em cada um os sentimentos de amor,
fraternidade e união.
Seu elemento é o mineral e, junto com Oxumaré, forma toda uma linha vertical
cujas vibrações, magnetismo e irradiações planetárias multidimensionais atuam
sobre os seres e os estimulam os sentimentos de amor e acelera a união e a
concepção.
Na Coroa Divina, a Orixá Oxum e o Orixá Oxumaré surgem a partir da projeção do
Trono do Amor, que é o regente do sentido do Amor.
Oxum assume os mistérios relacionados à concepção de vidas porque o seu
elemento mineral atua nos seres estimulando a união e a concepção.
Todos devem saber que a água é o melhor condutor das energias minerais e
cristalinas. Por esta sua qualidade única, surgem diversos tipos de água, sendo
que a água “doce” dos rios é a melhor rede de distribuição de energias minerais
que temos na face da Terra. E o mar é o melhor irradiador de energias cristalinas.
Saibam que a energia irradiada pelo mar é cristalina e a energia irradiada
pelos rios é mineral. E justamente neste ponto, surgem confusões quando
confundem a Orixá Oxum com Yemanjá.
A energia mineral está presente em todos os seres e também em todos os
vegetais. E por isto Oxum também está presente na linha do Conhecimento, pois
sua energia cria a “atração” entre as células vegetais carregadas de elementos
minerais. Já em nível mental, a atuação pelo conhecimento é uma irradiação
carregada de essências minerais ou de sentimento típicos de Oxum, a concepção
em si mesma.
Saibam que a Ciência dos Orixás é tão vasta quanto divina, e está na raiz do
todo o saber, na origem de todas as criações divinas e na natureza de todos os
seres. É na Ciência dos Orixás que as lendas se fundamentam, e não o contrário.
Leiam e releiam estes comentários até entenderem esta magnífica ciência divina
e apreenderem suas chaves interpretadoras da ciência dos entrecruzamentos. Se
conseguirem estas duas coisas, temos certeza que daí por diante entenderão
porque a rosa vermelha é usada como presente pelos namorados e a rosa branca é
usada é usada pelos filhos quando presenteiam suas mães. Ou porque se oferece
rosas vermelhas para oferendar pomba-gira, rosas brancas para Yemanjá e rosas
amarelas para oferendar Oxum, ou rosas “cor de rosa” para as crianças (Erês).
Saibam que, se todas são rosas, no entanto os pigmentos que as distinguem são
os condutores de “minerais” e de energias minerais. Para um leigo, todas são
rosas. Mas para um conhecedor, cada rosa é um mistério em si mesma. E o mesmo
acontece com cada cor, certo? Logo, o mesmo acontece com cada Orixá
Intermediário, que são mistérios dos Orixás Maiores.
Saibam também que todo jardim com muitas roseiras é irradiador de essências
minerais que tornam o ambiente um catalisador natural das irradiações de amor
da divindade planetária que, amorosamente, chamamos de Mamãe Oxum.
Outra coisa que recomendo aos Umbandistas é: por que vocês, ao invés de
oferecerem rosas às suas Oxuns, não plantam perto das cachoeiras mudas de
roseiras? As rosas murcham e logo apodrecem. Mas uma muda de roseira cresce,
floresce, embeleza e vivifica o santuário natural dessas nossas mães do Amor.
Oferenda: Velas brancas, azuis e amarelas; flores, frutos e essência de rosas;
champagne e licor de cereja, tudo depositado as pé de uma cachoeira
OXUMARÉ
É o orixá que rege sobre a sexualidade e seu campo
preferencial de atuação é o da renovação dos seres, em todos os aspectos.
Oxumaré é um dos orixás mais conhecidos, e no entanto é o mais desconhecido dos
orixás dentro da Umbanda, pois os médiuns só cultuam a orixá Oxum, que na linha
do Amor ou da Concepção forma com ele a segunda linha de Umbanda. O aspecto
positivo de Oxumaré, que nos chega através das lendas dos orixás, é que ele
simboliza a renovação. Isto é verdadeiro. E o aspecto mais negativo é que ele é
andrógino, ou parte macho e parte fêmea. Mas isto não é verdade. É inadmissível
que uma divindade planetária tenha essas qualidades bissexuais.
Logo, desumanizaram uma divindade que humanizou algumas de suas qualidades,
atributos e atribuições somente para acelerar nossa evolução e nos conduzir
pelo caminho reto. Já que uma divindade é de natureza positiva ou negativa,
ativa ou passiva e masculina ou feminina, mas nunca possui as duas em si mesma.
Oxumaré, tal como revela a lenda dos orixás , é a renovação continua, mas em
todos os aspectos e em todos os sentidos da vida de um ser. Sua identificação
com Dá, a Serpente do Arco-íris, não aconteceu por acaso, pois Oxumaré irradia
as sete cores que caracterizam as sete irradiações divinas que dão origem às
Sete Linhas de Umbanda. E ele atua nas sete irradiações como elemento
renovador. Oxumaré é a renovação do amor na vida dos seres. E onde o amor cedeu
lugar à paixão, ou foi substituído pelo ciúme, então cessa a irradiação de Oxum
e inicia-se a dele, que é diluidora tanto da paixão como do ciúme.
Ele dilui a religiosidade já estabelecida na mente de um ser e o conduz,
emocionalmente, a outra religião, cuja doutrina o auxiliará a evoluir no
caminho reto. Ou não é comum os testemunhos dados pelos neoconvictos no púlpito
dos pastores mercantilistas, que dizem quase todos isto:
“Irmãos, quando eu freqüentava a Umbanda, eu fornicava, traia minha
esposa e irmãos, gastava meu ordenado no jogo e nas bebidas, mentia, mas desde
que me converti e me entreguei a Jesus, tudo em minha vida mudou. Hoje vivo
para minha esposa e filhos, e para Jesus!”. Sem dúvida, concordamos nós. Mas...
porque o mesmo irmão não ouviu os conselhos recebidos nos centros de Umbanda,
que, se seguidos corretamente, o teriam conduzido pelo caminho reto? Não, ele
não só não deu ouvidos às orientações dos guias e dos pais e mães espirituais,
como deu vazão ao seu emocional e deu inicio ao mau uso do que aprendia dentro
de uma religião magística por excelência, quando solicitava aos exus que
fechassem os caminhos de seus desafetos em todos os campos da vida, além de
pedir outras coisas, tais como: mulher, dinheiro, posses, etc. E ele não diz que
nasceu numa família católica e cristã, mas porque era um relapso para as coisas
da fé, foi até a Umbanda para ver se nela se emendava. Como não conseguiu, logo
acabou retomando ao reformatório religioso de Jesus Cristo.
Pois é isto o que são as igrejas evangélicas: reformatórios religiosos onde
nosso amado mestre Jesus recolhe os que nasceram sob sua irradiação luminosa
mas não souberam captá-la da forma passiva como ela é passada pela Igreja
Católica. Ele, que é bondade, amor e misericórdia, os conduz às divindades
naturais (que são os orixás), os conduz ao espiritismo e a muitas outras
doutrinas para ver se encontram uma onde suas naturezas ativas absorvam
irradiações luminosas.
Mas, quando vê que eles não se adaptam em nenhuma delas, ativa seu pólo cósmico,
e um de seus aspectos negativos logo os arrasta para um de seus reformatórios
religiosos, para que eles voltem a trilhar o caminho reto. E se o aspecto
negativo ativado não conseguir reconduzi-los ainda na carne, não desistirá,
mesmo depois de desencarnar.
Renovação, eis a palavra chave que bem define o divino Oxumaré que, em seu
aspecto negativo, tem um mistério escuro chamado por nós de “Sete Cobras” ou
“Sete Caminhos Tortuosos”, que é por onde transitam todos os seres que saíram
do caminho reto e entraram nos desvios da vida, que sempre conduzem aos
caminhos da morte. Bem, já falamos sobre vários aspectos do nosso pai Oxumaré e
de nossa amada mãe Oxum, que formam um par energético, magnético, vibratório
que dá formação à segunda linha de Umbanda, que é a linha do Amor ou da
Concepção.
OXÓSSI
Oxóssi, na umbanda é patrono da linha dos caboclos uma das
mais ativas da religião.
Oxóssi é o caçador por excelência, mas sua busca visa o conhecimento. Logo, é o
cientista e o doutrinador, que traz o alimento da fé e o saber aos espíritos
fragilizados tanto nos aspectos da fé quanto do saber religioso.
O Orixá Oxóssi é tão conhecido que quase dispensa um comentário. Mas não
podemos deixar de fazê-lo, pois falta o conhecimento superior que explica o
campo de atuação das hierarquias deste Orixá regente do pólo positivo da linha
do Conhecimento.
O fato é que o Trono do Conhecimento é uma divindade assentada na Coroa Divina,
é uma individualização do Trono das Sete Encruzilhadas e em sua irradiação cria
os dois pólos magnéticos da linha do Conhecimento. O Orixá Oxóssi rege o pólo
positivo e a Orixá Obá rege o pólo negativo. Oxóssi forma com Obá a terceira
linha de Umbanda Sagrada, que rege sobre o Conhecimento.
Oxóssi irradia o conhecimento e Obá o concentra.
Oxóssi estimula e Obá anula.
Oxóssi vibra conhecimento e Obá absorve as irradiações desordenadas dos seres
regidos pelos mistérios do Conhecimento.
Oxóssi é vegetal e Obá é telúrica.
Oxóssi é de magnetismo irradiante e Obá é de magnetismo absorvente.
Oxóssi está nos vegetais e Obá está em sua raiz, como a terra fértil onde eles
crescem e se multiplicam.
Oxóssi é o raciocínio arguto e Obá é o racional concentrador.
Oxóssi é a busca, é a procura, é a curiosidade, é o movimento contínuo na
evolução dos seres na apresentação de novos conhecimentos, de novos horizontes,
etc.
Simbolicamente representamos Oxóssi com sete setas, que são as sete buscas contínuas
dos seres.
Oxóssi expande, irradia e impele os seres.
Oferenda ao Pai Oxóssi:
Velas brancas, verdes e rosa; cerveja, vinho doce e licor de caju; flores do
campo e frutas variadas, tudo depositado em bosques e matas.
OBÁ
• Obá é a orixá que aquieta e densifica o
racional dos seres, já que seu campo preferencial é o esgotamento dos
conhecimentos desvirtuados.
...A orixá Obá que nós conhecemos e aprendemos a amar e reverenciar é uma
divindade regida pelos elementos terra vegetal, e Obá forma com Oxóssi a
terceira linha de Umbanda Sagrada, que rege sobre o Conhecimento. Oxóssi está
assentado no pólo positivo e irradiante desta linha e Obá está assentada em seu
pólo negativo ou cósmico, que é absorvente.
...Seu elemento original é a terra, pois ela é orixá telúrica por excelência e
atua nos seres através do terceiro sentido da vida, que é o Conhecimento, que
desenvolve o raciocínio e a nossa capacidade de assimilação mental e realidade
visível, ou somente perceptível, que influência nossa vida e evolução contínua.
Já o seu segundo elemento é o vegetal. Enquanto o orixá Oxossi, o mitológico
caçador, estimula a busca do conhecimento (evolução), Obá atrai e paralisa o
ser que está se desvirtuando justamente porque assimilaram de forma viciada os
conhecimentos puros.
...E se nossa amada mãe Obá já recolheu boa parte de seus filhos encantados que
se espiritualizaram muitos ainda estão evoluindo nos dois lados da dimensão
humana.
...Muitos dos seus filhos são, hoje e na Umbanda, alguns dos silenciosos exus e
discretas pombagiras ou aguerridos caboclos e caboclas, resolutos em suas
ações, precisos nos seus conselhos, e não são de muita conversa quando sentem
que o conhecimento que trazem não é assimilado por seus médiuns ou pelas
pessoas que os consultam.
...Obá e Oxóssi formam esta linha e atuam em pólos opostos: enquanto ele
estimula a busca do conhecimento, ela paralisa os seres que se desvirtuaram
justamente porque adquiriram conhecimentos viciados, distorcidos ou falsos.
...Obá atuando na linha da Fé, paralisa as pessoas que estão ensinando falsas
verdades religiosas ou induzindo outros a darem mal uso ao que aprenderam sobre
magias. O campo onde Obá mais atua é o religioso, preferindo deixar os outros
campos para Ogum, Xangô e Iansã.
...A atuação da orixá Obá é discreta, pois ela é tão silenciosa quanto a terra,
seu elemento, e quem está sendo paralisado nem percebe que está passando por
uma descarga emocional muito intensa. Mas algum tempo depois, já começa a mudar
alguns de seus “conceitos” errôneos ou abandona a linha de raciocínio
desvirtuado e viciado que o estava direcionando.
...Obá é o encontro, a realização e a fixação. Portanto, quando um ser se cansa
de buscar e esgota-se, começa a se retrair e a se imobilizar, fixando-se na
terra (Obá), onde descansará e esgotará todas as vibrações
"essenciais" que o moviam.
...Simbolicamente representamos Obá com a folha vegetal, onde a fotossíntese
acontece.Obá concentra, transforma, energiza, vitaliza e assenta os seres.
Oferenda à Mãe Obá:
-...-Este pedido deve ser silencioso e discreto.
...Sarava Oba! Akiroobá yê!
...“EU SAÚDO O SEU CONHECIMENTO, SENHORA DA TERRA!”.
...“Apresento-me para a Senhora Mãe Amada Obá.”
...Solicitando seu amparo e proteção nos trabalhos espirituais.
...Sua guia, sua ajuda justa,
...Recebe esta minha oferenda Mãe Amada Obá
...--Essa oferenda deve ser depositada sobre um tecido de cor magenta ou
terroso.
...-1 coco verde
...-vinho licoroso tinto ou tinto suave
...-água com hortelã macerada
...-mel ou açúcar
...-flores do campo
...-sete velas magenta ou marrom/sete velas brancas/sete velas verde-escuro
...A oferenda deverá ser depositada nas matas ou campos.
Parte do texto retirado do Livro: “O CÓDIGO DE UMBANDA”
Obra psicografada por Rubens Saraceni.
XANGÔ
É o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a
razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já que só
conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se
processa num fluir contínuo.
O Trono Regente Planetário se individualiza nos sete Tronos Essenciais, que
projetam-se energética, magnética e vibratoriamente e criam sete linhas de
forças ou irradiações bipolarizadas, pois surgem dois pólos diferenciados em
positivo e negativo, irradiante e absorvente, ativo e passivo, masculino e feminino,
universal e cósmico.
Uma dessas projeções é a do Trono da Justiça Divina que, ao irradiar-se, cria a
linha de forças da Justiça, pontificada por Xangô e Egunitá (divindade natural
cósmica do Fogo Divino).
Na linha elemental da Justiça, ígnea por excelência, Xangô e Egunitá são os
pólos magnéticos opostos. Por isto eles se polarizam com a linha da Lei, que é
eólica por excelência. Logo, Xangô polariza-se com a eólica Iansã e Egunitá
polariza-se com o eólico Ogum, criando duas linhas mistas ou linhas regentes do
Ritual de Umbanda Sagrada.
O Orixá Xangô é o Trono Natural da Justiça e está assentado no pólo positivo da
linha do Fogo Divino, de onde se projeta e faz surgir sete hierarquias naturais
de nível intermediário, pontificadas pelos Xangôs regentes dos pólos e níveis
vibratórios intermediários da linha de forças da Justiça Divina. Estes sete
Xangôs são Orixás Naturais; são regentes de níveis vibratórios; são
multidimensionais e são irradiadores das qualidades, dos atributos e das
atribuições do Orixá maior Xangô.
Eles aplicam os aspectos positivos da justiça divina nos níveis vibratórios
positivos e polarizam-se com os Xangôs cósmicos, que são os aplicadores dos
aspectos negativos da justiça divina. Como, na Umbanda, quem lida com os
regentes desses aspectos são os Exús e as Pomba-Giras.
Os Xangôs intermediários, tal como todos os Orixás Intermediários, possuem
nomes mântricos que não podem ser abertos ao plano material. Muitos os chamam
de Xangô da Pedra Branca, Xangô Sete Pedreiras, Xangô dos Raios, etc. Enfim,
são nomes simbólicos para os mistérios regidos pelos Orixás Xangôs
Intermediários. Só que quem usa estes nomes simbólicos não são os regentes dos
pólos magnéticos da linha da Justiça, e sim os seus intermediadores, que foram
“humanizados” e regem linhas de caboclos que manifestam- se no Ritual de
Umbanda Sagrada comandando as linhas de trabalhos de ação e reação.
Eles são os aplicadores “humanos” dos aspectos positivos da justiça divina.
Logo, se alguém disser: “Eu incorporo o Xangô tal”, com certeza está
incorporando o seu Xangô individual, que é um ser natural de 6° grau
vibratório, ou um espírito reintegrado às hierarquias naturais regidas por
estes Xangôs. Nem no Candomblé se incorpora um Xangô de nível intermediário ou
qualquer outro Orixá desta magnitude. O máximo que se alcança, em nível de
incorporação, é um Orixá de grau intermediador. Mas no geral, todos incorporam
seu Orixá individual natural, ou um espírito reintegrado às hierarquias
naturais e, portanto, um irradiador de um dos aspectos do seu Orixá maior.
Temos, na Umbanda, os:
Xangôs da Pedra Branca, Xangôs da Pedra Preta, Xangôs das Sete Pedreiras, Xangô
das Sete Montanhas, etc.
Que são todos eles, Orixás Intermediadores e regentes de subníveis vibratórios
ou regentes de pólos energo-magnéticos cruzados por muitas correntes
eletromagnéticas, onde atuam como aplicadores dos mistérios maiores, mas já em
pólos localizados em subníveis vibratórios. E todos estes Xangôs
intermediadores são regentes de imensas linhas de trabalho, ação e reação. Ou
não é verdade que temos caboclos da Pedra Branca, da Pedra Preta, do Fogo,
etc.?
Meditem muito sobre o que aqui comentei, pois em se tratando de Orixás, é
preciso conhecê-lo a partir da ciência divina ou nos perdemos no abstracionismo
e na imaginação humana. Reflitam bastante e depois consultem seus mentores
espirituais acerca do que aqui estou ensinando, irmão em Oxalá.
Oferenda: Velas brancas, vermelhas e marrom; cerveja escura, vinho tinto e
licor de Ambrósia; flores diversas, tudo depositado em uma cachoeira, montanha
ou pedreira.
EGUNITÁ
É o Orixá Cósmico aplicador da Justiça Divina na vida dos
seres racionalmente desequilibrados
Fogo, eis o mistério de nossa amada mãe Egunitá, regente cósmica do Fogo e da
Justiça Divina que purifica os excessos emocionais dos seres desequilibrados,
desvirtuados e viciados. Os hindus nos legaram uma divindade cósmica do fogo,
punidora das falhas, dos erros e das paixões humanas por excelência. Kali, no
panteão hindu, é uma divindade temida e evitada por todos os que desconhecem
seu mistério e o porquê de sua existência em oposição à de Agni, o Senhor do
Fogo Divino, do fogo da Fé?
O fato é que todas as irradiações divinas, enquanto são apenas essências, são
neutras. Mas quando se condensam e dão origem aos elementos, ai se polarizam em
todos os sentidos e assumem naturezas bem distintas. Pois aí, no fogo, surgem
Agni e Kali. Ele é o fogo em seu aspecto positivo e ela o é em seu aspecto
negativo, ou o fogo da purificação das ilusões humanas. Agni é o fogo da fé e
Kali é o fogo das paixões humanas. Agni é pólo masculino e Kali é pólo
feminino. Agni é passivo e irradiante e Kali é ativa e atratora. Agni ilumina o
ser e Kali o toma rubro. Agni é o raio dourado e Kali é o raio rubro. Agni é a
serpente flamigea da Fé e Kali é a serpente rubra da paixão. Agni é a chama que
aquece e Kali é o braseiro que queima.
Esperamos que tenham entendido que, se recorremos às divindades hindus Agni e
Kali, foi para mostrar como um mesmo elemento possui dois pólos, duas naturezas,
duas formas de nos alcançar e de nos estimular ou de nos paralisar; de acelerar
ou paralisar nossa evolução; de estimular nossa fé ou de esgotar nossos
emocionais desequilibrados.
Agora, coloquem no lugar de Agni o nosso amado orixá Xangô e no lugar de Kali a
nossa amada mãe Egunitá e teremos os mesmos aspectos divinos, mas irradiados
por divindades humanizadas em solo africano. Teremos a linha pura do fogo
elemental, cujas energias incandescentes e flamejantes tanto consomem os vícios
quanto estimulam o sentimento de justiça, que são as qualidades, atributos e
atribuições de Xangô e Egunitá: aplicar a Justiça Divina em todos os sentidos
da vida!
Afinal, ou entendemos as divindades a partir da ciência ou até o ano 3000 d.C.
ainda estaremos adorando-as somente através dos fenômenos da natureza. E não é
isto que elas desejam de nós, e não foi para isto que deram inicio à sua
renovação através da Umbanda, certo? Nossa mãe Egunitá é fogo puro e suas
irradiações cósmicas absorvem o ar pois seu magnetismo é negativo e atrai este
elemento, com o qual se energiza e se irradia até onde houver ar para dar-lhe
esta sustentação energética e elemental.
Como Egunitá (fogo) é feminina, ela se polariza com Ogum (ar), que é masculino
e lhe dá a sustentação do elemento que precisa, mas de forma passiva e
ordenada. Só assim suas irradiações acontecem de forma ordenada e alcançam
apenas o objetivo que ela identificou. Se ela polarizasse com Iansã, suas
energias não seriam irradiadas porque aconteceria uma propagação delas na forma
de labaredas, já que as duas são de magnetismo e elemento feminino. Eis ai a
chave das polarizações, que obedecem a uma ordenação das irradiações através
dos magnetismos.
O inverso acontece com Ogum, que é passivo e só se torna ativo em seu segundo
elemento, que é o fogo que o alimenta, aquecendo-o e energizando suas
irradiações. Ogum, enquanto aplicador da Lei, atua nos campos da justiça como
aplicador das sentenças.
Logo, se Ogum absorver o fogo de Xangô, que também é passivo em seu magnetismo,
este fogo só irá consumir o ar de Ogum e não irá gerar a energia ígnea que
fluiria como calor através das irradiações retas do seu magnetismo, que é
passivo. Ogum é passivo no magnetismo eólico e ativo em seu segundo elemento,
que é o fogo que energiza (aquece) o ar. Ogum irradia em linha reta (irradiação
continua). Xangô irradia em linha reta (irradiação continua). Iansã irradia em
espirais (irradiação circular). Egunitá irradia por propagação (irradiação
propagada). Xangô polariza com Iansã, e suas irradiações passivas se tornam
ativas no ar (raios); Egunitá polariza com Ogum, e suas irradiações por
propagação magnética assumem a forma de fachos flamejantes.
Observem que Lei e Justiça são inseparáveis e para comentarmos Egunitá temos de
envolver Ogum, Xangô e Iansã, que são os outros três orixás que também se
polarizam e criam campos específicos de duas das Sete Linhas de Umbanda. Ela é
cósmica (negativa) e seu primeiro elemento é o fogo, que se polariza com seu segundo
elemento que é o ar. Portanto, como o fogo é o elemento da linha da Justiça,
ela é uma divindade que aplica a Justiça Divina na vida dos seres.
E, porque o ar é o seu segundo elemento, que a alimenta e energiza e é o
elemento da linha da Lei, ela é uma divindade que aplica a justiça como agente
ativa da Lei e consome os vícios emocionais e os desequilíbrios mentais dos
seres.
Os vícios emocionais tornam os seres insensíveis à dor alheia. Os
desequilíbrios mentais transformam os seres em tormentos para seus semelhantes.
As divindades têm uma função a realizar e nós sempre seremos beneficiários de
sua atuação. Quando nos paralisam, também estão nos ajudando, pois estão
evitando que continuemos trilhando um caminho que nos conduzirá a um ponto sem retorno.
Ela é a executora da Justiça Divina nos campos da Lei, regidos por Ogum no pólo
positivo da linha pura da Lei.
OGUM
É o Orixá da Lei e seu campo de atuação é a linha divisória
entre a razão e a emoção. É o Trono Regente das milícias celestes, guardiãs dos
procedimentos dos seres em todos os sentidos.
Ogum é sinônimo de lei e ordem e seu campo de atuação é a ordenação dos
processos e dos procedimentos. O Trono da Lei é eólico e, ao projetar-se, cria
a linha pura do ar elemental, já com dois pólos magnéticos ocupados por Orixás
diferenciados em todos os aspectos. O pólo magnético positivo é ocupado por
Ogum e o pólo negativo é ocupado por Iansã. Esta linha eólica pura dá
sustentação a milhões de seres elementais do ar, até que eles estejam aptos a
entrar em contato com um segundo elemento. Uns têm como segundo elemento o
fogo, outros têm na água seu segundo elemento, etc.
Portanto, na linha pura do “ar elemental” só temos Ogum e Iansã como regentes.
Mas se estes dois Orixás são aplicadores da Lei (porque sua natureza é
ordenadora), então eles se projetam e dão início às suas hierarquias naturais,
que são as que nos chegam através da Umbanda. Os Orixás regentes destas
hierarquias de Ogum e Iansã são Orixás Intermediários ou regentes dos níveis
vibratórios da linha de forças da Lei.
Saibam que Oxalá tem sete Orixás Intermediários positivos e tem outros sete
negativos, que são seus opostos, e tem sete Orixás neutros; Oxum tem sete
Orixás intermediárias positivas e tem outras sete negativas, que são suas
opostas; Oxóssi tem sete Orixás intermediários positivos, sete negativos, que
são seus opostos, e tem sete outros que formam uma hierarquia vegetal neutra e
fechada ao conhecimento humano material; Xangô tem sete Orixás intermediários
positivos e tem sete negativos, que são seus opostos.
E o mesmo acontece com Obaluayê e Yemanjá. Agora, Ogum e Iansã são os regentes
do mistério “Guardião” e suas hierarquias não são formadas por Orixás opostos
em níveis vibratórios e pólos magnéticos opostos, como acontece com outros.
Não, senhores! Ogum e Iansã formam hierarquias verticais retas ou seqüenciais,
sem quebra de “estilo” , pois todos os Oguns, sejam os regentes dos pólos
positivos, dos neutros ou tripolares, ou dos negativos, todos atuam da mesma
forma e movidos por um único sentido: aplicadores da Lei!
Todo Ogum é aplicador natural da Lei e todos agem com a mesma inflexibilidade,
rigidez e firmeza, pois mão se permitem uma conduta alternativa. Onde estiver
um Ogum, lá estarão os olhos da Lei, mesmo que seja um “caboclo” de Ogum,
avesso às condutas liberais dos freqüentadores das tendas de Umbanda, sempre
atento ao desenrolar dos trabalhos realizados, tanto pelos médiuns quanto pelos
espíritos incorporadores.
Dizemos que Ogum é, em si mesmo, os atentos olhos da Lei, sempre vigilante,
marcial e pronto para agir onde lhe for ordenado.
OFERENDA: Velas brancas, azuis e vermelhas; cerveja, vinho tinto licoroso;
flores diversas e cravos, depositados nos campos, caminhos, encruzilhadas, etc.
IANSÃ
É a aplicadora da Lei na vida dos seres emocionados pelos
vícios. Seus campo preferencial de atuação é o emocional dos seres: ela os
esgota e os redireciona, abrindo-lhes novos campos por onde evoluirão de forma
menos “emocional”.
No comentário sobre o orixá Egunitá já abordamos nossa amada mãe lansã. Logo,
aqui seremos breves em nosso comentário sobre ela, que também foi analisada no
capitulo reservado ao orixá Ogum. Como dissemos antes, lansã, em seu primeiro
elemento, e ar e forma com Ogum um par energético onde ele rege o pólo positivo
e é passivo pois suas irradiações magnéticas são retas. lansã é negativa e
ativa, e suas irradiações magnéticas são circulares ou espiraladas. Observem
que lansã se irradia de formas diferentes: é cósmica (ativa) e é o orixá que
ocupa o pólo negativo da linha elemental pura do ar, onde polariza com Ogum. Já
em seu segundo elemento ela polariza com Xangô, e atua como o pólo ativo da
linha da Justiça, que é uma das sete irradiações divinas.
Na linha da Justiça, lansã é seu aspecto móvel e Xangô é seu aspecto assentado
ou imutável, pois ela atua na transformação dos seres através de seus
magnetismos negativos.
lansã aplica a Lei nos campos da Justiça e é extremamente ativa. Uma de suas
atribuições é colher os seres fora-da-Lei e, com um de seus magnetismos,
alterar todo o seu emocional, mental e consciência, para, só então,
redirecioná-lo numa outra linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua
caminhada pela linha reta da evolução.
As energias irradiadas por lansã densificam o mental, diminuindo seu
magnetismo, e estimulam o emocional, acelerando suas vibrações. Com isso, o ser
se torna mais emotivo e mais facilmente é redirecionado. Mas quando não é
possível reconduzi-lo à linha reta da evolução, então uma de suas sete
intermediárias cósmicas, que atuam em seus aspectos negativos, paralisam o ser
e o retém em um dos campos de esgotamento mental, emocional e energético, até
que ele tenha sido esgotado de seu negativismo e tenha descarregado todo o seu
emocional desvirtuado e viciado.
Nossa amada mãe Iansã possui vinte e uma lansãs intermediárias, que são assim
distribuídas: Sete atuam junto aos pólos magnéticos irradiantes e auxiliam os
orixás regentes dos pólos positivos, onde entram como aplicadoras da Lei
segundo os princípios da Justiça Divina, recorrendo aos aspectos positivos da
orixá planetária Iansã. Sete atuam junto aos pólos magnéticos absorventes e
auxiliam os orixás regentes dos pólos negativos, onde entram como aplicadoras
da Lei segundo seus princípios, recorrendo aos aspectos negativos da orixá
planetária Iansã. Sete atuam nas faixas neutras das dimensões planetárias,
onde, regidas pelos princípios da Lei, ou direcionam os seres para as faixas
vibratórias positivas ou os direcionam para as faixas negativas.
Enfim, são vinte e uma orixás lansãs intermediárias aplicadoras da Lei nas Sete
Linhas de Umbanda. Como seus campos preferenciais de atuação são os religiosos,
não é de se estranhar que nossa amada mãe lansã intermediária para a linha da
Fé nos campos do Tempo seja confundida com a própria Oiá, já que é ela quem
envia ao tempo os eguns fora-da-Lei no campo da religiosidade. lansã do Tempo,
não tenham dúvidas, tem um vasto campo de ação e colhe os espíritos
desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os ao Tempo onde serão esgotados.
Mas, não tenham dúvidas, antes ela tenta reequilibrá-los e redirecioná-los, só
optando por enviá-los a um campo onde o magnetismo os esvazia quando vê que um
esgotamento total em todos os sete sentidos é necessário. E isto o Tempo faz
muito bem! Já lansã Bale, do Bale, ou das Almas, é outra intermediária de nossa
mãe maior lansã que é muito solicitada e muito conhecida, porque atua
preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da Lei que
dão sustentação à vida e, como vida é geração e Omulú atua no pólo negativo da
linha da Geração, então ela envia aos domínios de Tatá Omulú todos os espíritos
que atentaram contra a vida de seus semelhantes ao desvirtuarem os princípios
da Lei e da Justiça Divina.
Logo, seu campo escuro localiza-se nos domínios do orixá Omulú, que rege sobre
o lado de “baixo” do campo santo. Mas também são muito conhecidas as lansãs
intermediárias Sete Pedreiras, dos Raios, do Mar, das Cachoeiras e dos Ventos
(lansã pura). As outras assumem os nomes dos elementos que lhes chegam através
das irradiações inclinadas dos outros orixás, quando surgem as Iansãs
irradiantes e multicoloridas. Temos: • uma Iansã do Ar. • uma Iansã Cristalina.
• uma lansã Mineral. • uma Iansã Vegetal. • uma lansã Ígnea. • uma lansã Telúrica.
• uma lansã Aquática. Bom, só por esta amostra dos múltiplos aspectos de nossa
amada regente feminina do ar, já deu para se ter uma idéia do imenso campo de
ação do mistério “Iansã”.
O fato é que ela aplica a Lei nos campos da Justiça Divina e transforma os
seres desequilibrados com suas irradiações espiraladas, que o fazem girar até
que tenham descarregado seus emocionais desvirtuados e suas consciências
desordenadas! Não vamos nos alongar mais, pois muito já foi dito e escrito
sobre a “Senhora dos Ventos”.
OBALUAYÊ
Obaluaiê é o Orixá que atua na Evolução e seu campo
preferencial é aquele que sinaliza as passagens de um nível vibratório ou
estágio da evolução para outro.
O Orixá Obaluayê é o regente do pólo magnético masculino da linha da Evolução,
que surge a partir da projeção do Trono Essencial do Saber ou Trono da
Evolução.
O Trono da Evolução é um dos sete Tronos Essenciais que formam a Coroa Divina
regente do planeta, e em sua projeção faz surgir, na Umbanda, a linha da
Evolução, em cujo pólo magnético positivo, masculino e irradiante, está
assentado o Orixá Natural Obaluayê, e em cujo pólo magnético negativo, feminino
e absorvente está assentada a Orixá Nanã Buruquê. Ambos são Orixás de
magnetismo misto e cuidam das passagens dos estágios evolutivos.
Ambos são Orixás terra-água (magneticamente, certo?). Obaluayê é ativo no
magnetismo telúrico e passivo no magnetismo aquático. Nanã é ativa no
magnetismo aquático e passiva no magnetismo telúrico. Mas ambos atuam em total
sintonia vibratória, energética e magnética. E onde um atua passivamente, o
outro atua ativamente.
Nanã decanta os espíritos que irão reencarnar e Obaluayê estabelece o cordão
energético que une o espírito ao corpo (feto), que será recebido no útero
materno assim que alcançar o desenvolvimento celular básico (órgãos físicos).
É o mistério "Obaluayê" que reduz o corpo plasmático do espírito até
que fique do tamanho do corpo carnal alojado no útero materno. Nesta redução
(que é um mistério de Deus regido por Obaluayê), o espírito assume todas as
características e feições do seu novo corpo carnal, já formado.
Muitos associam o divino Obaluayê apenas com o Orixá curador, que ele realmente
é, pois cura mesmo! Mas Obaluayê é muito mais do que já o descreveram. Ele é o
"Senhor das Passagens" de um plano para outro, de uma dimensão para
outra, e mesmo do espírito para a carne e vice-versa.
Já seus pólos magnéticos negativos, que são os que aplicam seus aspectos
negativos, estes não descreveremos porque a Umbanda não lida com os aspectos
negativos dele.
Esperamos que os umbandistas deixem de temê-lo e passem a amá-lo e adorá-lo
pelo que ele realmente é: um Trono Divino que cuida da evolução dos seres, das
criaturas e das espécies, e que esqueçam as abstrações dos que se apegaram a alguns
de seus aspectos
negativos e os usam para assustar seus semelhantes.
Estes manipuladores dos aspectos negativos do Orixá Obaluayê certamente
conhecerão os Orixás Cósmicos que lidam com o negativo dele. Ao contrário dos
tolerantes Exus da Umbanda, estes Obaluayês Cósmicos são intolerantes com quem
invoca os aspectos negativos do Orixá Maior Obaluayê para atingir seus
semelhantes. E o que tem de supostos "pais de Santo" apodrecendo nos
seus pólos magnéticos negativos só porque deram mau uso aos aspectos negativos
de Obaluayê... Bem, deixemos que eles mesmos cuidem de suas lepras emocionais.
Certo?
OFERENDA:
Velas brancas; vinho rose licoroso, água potável; coco fatiado coberto com mel
e pipocas; rosas, margaridas e crisântemos, tudo depositado no cruzeiro do
cemitério, à beira-mar ou à beira de um lago.
NANÃ
A orixá Nanã rege sobre a maturidade e seu campo
preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres
emocionados e preparando-os para uma nova "vida", já mais equilibrada
.
A orixá Nanã Buruquê rege uma dimensão formada por dois elementos, que são:
terra e água. Ela é de natureza cósmica pois seu campo preferencial de atuação
é o emocional dos seres que, quando recebem suas irradiações, aquietam-se,
chegando até a terem suas evoluções paralisadas. E assim permanecem até que
tenham passado por uma decantação completa de seus vícios e desequilíbrios
mentais.
Nanã forma com Obaluayê a sexta linha de Umbanda, que é a linha da Evolução. E
enquanto ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação),
ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá
encarnar. Saibam que os orixás Obá e Omulú são regidos por magnetismos
"terra pura", enquanto Nanã e Obaluayê são regidos por magnetismos
mistos "terra-água". Obaluayê absorve essência telúrica e irradia
energia elemental telúrica, mas também absorve energia elemental aquática,
fraciona-a em essência aquática e a mistura à sua irradiação elemental
telúrica, que se torna "úmida".
Já Nanã, atua de forma inversa: seu magnetismo absorve essência aquática e a
irradia como energia elemental aquática; absorve o elemento terra e, após
fracioná-lo em essência, irradia-o junto com sua energia aquática.
Estes dois orixás são únicos, pois atuam em pólos opostos de uma mesma linha de
forças e, com processos inversos, regem a evolução dos seres. Enquanto Nanã
decanta e adormece o espírito que irá reencarnar, Obaluayê o envolve em uma
irradiação especial, que reduz o corpo energético, já adormecido, até o tamanho
do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado .
Este mistério divino que reduz o espírito ao tamanho do corpo carnal, ao qual
já está ligado desde que ocorreu a fecundação do óvulo pelo sêmen, é regido por
nosso amado pai Obaluayê, que é o "Senhor das Passagens" de um plano
para outro.
Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma
irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece
sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de
nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à
velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que
vivenciou na sua vida carnal.
Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a "memória" dos seres.
E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para
que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.
Oferenda para mãe Nanã buruque
7 velas lilás,7 velas brancas,7 velas roxas,7 velas rosa,1 champanhe
rose,ameixa em calda,figo em calda,
melancia, uva, melão,flores com tons lilases (pode ser crisântemo)
Ponto de força de Nanã buruque lago e mangue
YEMANJÁ
É o Trono feminino da Geração e seu campo preferencial de
atuação é no amparo à maternidade.
Yemanjá é por demais conhecida e não nos alongaremos ao comentá-la.
O fato é que o Trono Essencial da Geração assentado na Coroa Divina projeta-se
e faz surgir, na Umbanda, a linha da Geração, em cujo pólo magnético positivo
está assentada a Orixá Natural Yemanjá, e em cujo pólo magnético negativo está
assentado o Orixá Omulú.
Yemanjá, a nossa amada Mãe da Vida é a água que vivifica e o nosso amado pai
Omulú é a terra que amolda os viventes. Como dedicamos um comentário extenso ao
Orixá Omulú, vamos nos concentrar em Yemanjá.
Yemanjá rege sobre a geração e simboliza a maternidade, o amparo materno, a mãe
propriamente. Ela se projeta e faz surgir sete pólos magnéticos ocupados por
sete Yemanjás intermediarias, que são as regentes dos níveis vibratórios
positivos e são as aplicadoras de seus aspectos, todos positivos, pois Yemanjá
não possui aspectos negativos.
Estas sete Yemanjás são intermediárias e comandam incontáveis linhas de
trabalho dentro da Umbanda. Suas Orixás intermediadoras estão espalhadas por
todos os níveis vibratórios positivos, onde atuam como mães da “criação”,
sempre estimulando nos seres os sentimentos maternais ou paternais.
Todas atuam a nível multidimensional e projetam-se também para a dimensão
humana, onde têm muitas de suas filhas estagiando. Todas têm suas hierarquias
de Orixás Yemanjás intermediadoras, que regem hierarquias de espíritos
religados às hierarquias naturais.
OFERENDA: Velas brancas; azuis e rosas; champagne, calda de ameixa ou de
pêssego, manjar, arroz-doce e melão; rosas e palmas brancas, tudo depositado à
beira-mar.
OMULÚ
É o orixá que rege a morte, ou no instante da passagem do
plano material para o plano espiritual (desencarne)
É com tristeza que temos visto o temor dos irmãos umbandistas quando é
mencionado o nome do nosso amado Pai Omulú. E no entanto descobrimos que este
medo é um dos frutos amargos que nos foram legados pelos ancestrais semeadores
dos orixás em solo brasileiro, pois difundiram só os dois extremos do mais
caridoso dos orixás, já que Omulú é o guardião divino dos espíritos caídos. O
orixá Omulú guarda para Olorum todos os espíritos que fraquejaram durante sua
jornada carnal e entregaram-se a vivenciação de seus vícios emocionais. Mas ele
não pune ou castiga ninguém, pois estas ações são atributos da Lei Divina, que
também não pune ou castiga. Ela apenas conduz cada um ao seu devido lugar após
o desencarne. E se alguém semeou ventos, que colha sua tempestade pessoal, mas
amparado pela própria Lei, que o recolhe a um dos sete domínios negativos,
todos regidos pelos orixás cósmicos, que são magneticamente negativos. E Tatá
Omulú é um desses guardiões divinos que consagrou a si e à sua existência,
enquanto divindade, ao amparo dos espíritos caídos perante as leis que dão
sustentação a todas as manifestações da vida..
Esta qualidade divina do nosso amado pai foi interpretada de forma incorreta ou
incompleta, e o que definiram no decorrer dos séculos foi que Tatá Omulú é um
dos orixás mais “perigosos” de se lidar, ou um dos mais intolerantes, e isto
quando não o descrevem como implacável nas suas punições.
Ele, na linha da Geração, que é a sétima linha de Umbanda, forma um par
energético, magnético e vibratório com nossa amada mãe Yemanjá, onde ela gera a
vida e ele paralisa os seres que atentam contra os princípios que dão
sustentação às manifestações da vida. Em Tatá Omulú descobri o amor de Olorum,
pois é por puro amor que uma divindade consagra-se por inteiro ao amparo dos
espíritos caídos. E foi por amor a nós que ele assumiu a incumbência de nos
paralisar em seus domínios, sempre que começássemos a atentar contra os
princípios da vida. Enquanto a nossa mãe Yemanjá estimula em nós a geração, o
nosso pai Omulú nos paralisa sempre que desvirtuamos os atos geradores.
Mas esta “geração” não se restringe só à hereditariedade, já que temos muitas
faculdades além desta, de fundo sexual. Afinal, geramos idéias, projetos,
empresas, conhecimentos, inventos, doutrinas, religiosidades, anseios, desejos,
angústias, depressões, fobias, leis, preceitos, princípios, templos, etc. Temos
a capacidade de gerar muitas coisas, e se elas estiverem em acordo com os
princípios sustentados pela irradiação divina, que na Umbanda recebe o nome de
“linha da Geração” ou “sétima linha de Umbanda”, então estamos sob a irradiação
da divina mãe Yemanjá, que nos estimula.
Mas, se em nossas “gerações”, atentarmos contra os princípios da vida
codificados como os únicos responsáveis pela sua multiplicação, então já
estaremos sob a irradiação do divino pai Omulú, que nos paralisará e começará a
atuar em nossas vidas, pois deseja preservar-nos e nos defender de nós mesmos,
já que sempre que uma ação nossa for prejudicar alguém, antes ela já nos atingiu,
feriu e nos escureceu, colocando-nos em um de seus sombrios domínios. Ele é o
excelso curador divino pois acolhe em seus domínios todos os espíritos que se
feriram quando, por egoísmo, pensaram que estavam atingindo seus semelhantes.
E, por amor, ele nos dá seu amparo divino até que, sob sua irradiação, nós
mesmos tenhamos nos curado para retomarmos ao caminho reto trilhado por todos
os espíritos amantes da vida e multiplicadores de suas benesses.
Todos somos dotados dessa faculdade, já que todos somos multiplicadores da
vida, seja em nós mesmos, através de nossa sexualidade seja nas idéias, através
de nosso raciocínio, assim como geramos muitas coisas que tornam a vida uma
verdadeira dádiva divina. Tatá Omulú, em seu pólo positivo, é o curador divino
e tanto cura alma ferida quanto nosso corpo doente. Se orarmos a ele quando
estivermos enfermos ele atuará em nosso corpo energético, nosso magnetismo,
campo vibratório e sobre nosso corpo carnal, e tanto poderá curar-nos quanto
nos conduzir a um médico que detectará de imediato a doença e receitaria
medicação correta.
O orixá Omulú atua em todos os seres humanos, independente de qual,. seja a sua
religião. Mas esta atuação geral e planetária processa-se através de, uma faixa
vibratória especifica e exclusiva, pois é através dela que fluem as irradiações
divinas de um dos mistérios de Deus, que nominamos de “Mistério da Morte”. Tatá
Omulú, enquanto força cósmica e mistério divino, é a energia que se condensa em
torno do fio de prata que une o espírito e seu corpo físico, e o dissolve no
momento do desencarne ou passagem de um plano para o outro.
Neste caso ele não se apresenta como o espectro da morte coberto com manto e
capuz negro, empunhando o alfanje da morte que corta o fio da vida. Esta
descrição é apenas uma forma simbólica ou estilizada de se descrever a força
divina que ceifa a vida na carne. Na verdade, a energia que rompe o fio da vida
na carne é de cor escura, e tanto pode parti-lo num piscar de olhos quando a
morte é natural e fulminante, como pode ir se condensando em torno dele,
envolvendo-o todo até alcançar o espírito, que já entrou em desarmonia
vibratória porque a passagem deve ser lenta, induzindo o ser a aceitar seu
desencarne de forma passiva.
O orixá Omulú atua em todas as religiões e em algumas é nominado de “Anjo da
Morte” e em outras de divindade ou “Senhor dos Mortos”. No antigo Egito ele foi
muito cultuado e difundido e foi dali que partiram sacerdotes que o divulgaram
em muitas culturas de então. Mas com o advento do Cristianismo seu culto foi
desestimulado já que a religião cristã recorre aos termos “anjo” e “arcanjo”
para designar as divindades. Logo, nada mais lógico do que recorrer ao
arquétipo tão temido do “Anjo da Morte”, todo coberto de preto e portando o
alfanje da morte, para preencher a lacuna surgida com o ostracismo do orixá ou
divindade responsável por este momento tão delicado na vida dos seres.
O culto a Tatá Omulú surgiu entre os negros levados como escravos ao antigo
Egito, que o identificaram como um orixá e o adaptaram às suas culturas e
religiões. Com o tempo, ele foi, a partir desse sincretismo, assumindo sua
forma definitiva, até que alcançou o grau de divindade ligada à morte, à
medicina e às doenças. Já em outras regiões da África, este mistério foi assumindo
outras feições e outros orixás semelhantes surgiram, foram cultuados e se
humanizaram. “Humanizar-se” significa que o orixá ou a divindade assumiu
feições humanas, compreensíveis por nós e de mais fácil assimilação e
interpretação. Tatá Omulú não vibra menos amor por nós do que qualquer um dos
outros orixás e está assentado na Coroa Divina, pois é um dos Tronos de Olorum,
o Divino Criador. Atotô, meu pai!
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